A carta publicada no Medium (plataforma criada por um dos fundadores do Twitter) aponta que a Meta “bateu na parede” do seu core business, seu principal produto, e migrou todos os esforços para o metaverso — causando confusão nos consumidores e deixando os investidores desconfiados com as decisões da empresa.

Mais IA, menos metaverso — e menos funcionários

Seguindo as recomendações de um bom feedback, Gerstner abre a carta falando que a Altimeter Capital sempre apoiou a Meta e, pessoalmente, sempre foi um forte apoiador de empresas lideradas pelos fundadores. Porém, ele enxerga que Zuckerberg levou a empresa para uma “terra de excessos”. “A Meta entrou em uma terra de excessos — gente demais, ideias demais e urgência de menos”, diz Gerstner em uma de suas “pedradas” para Mark. O CEO da Altimeter Capital opina que a Meta jogou o seu foco rapidamente para o metaverso, chegando até a mudar de nome, quando viu que o seu maior produto, as redes sociais, estagnaram — “bateram na parede”, como disse Gerstner. O investidor aponta que esse é um dos motivos que levou os acionistas a perderem a confiança na Meta. “Pior, esse ceticismo parece ser confirmado com uma quase imediata e considerável queda nos resultados financeiros e desempenho abaixo da média em 2022”. Ao mostrar mais fatos da estagnação e perda de foco, Brad Gerstner compara as ações da Meta com outras big techs. Nos últimos 18 meses, as ações da Meta tiveram uma queda de 55%, enquanto as concorrentes caíram 19%. “Essa queda reflete a perda de confiança na companhia, não é apenas o humor do mercado”, afirma Gerstner. Apesar do desempenho das ações, o CEO da Altimeter Capital aponta o lado positivo do core business da Meta: só no ano passado, o segmento gerou US$ 45 bilhões de lucro operacional. “Além disso, a Meta possui capacidade de ponta para liderar tecnologias fundamentais do futuro, como inteligência artificial e 3D imersivo que ajudará no desenvolvimento de novos produtos e no crescimento [da empresa]”. Gestner defende que a Meta possui recursos financeiros o suficiente para investir nessas tecnologias-chave. Ele ainda faz um “plano de três passos” para “guiar” Zuckerberg em como recuperar a confiança do mercado. Sobre as demissões, Gestner defende que a medida levaria o quadro de funcionários para o mesmo de 2021 — afirmando que a Meta estava operando bem com o quadro da época. Além disso, ele acredita que os demitidos serão contratados rapidamente por outras empresas de tecnologia porque “há uma escassez de talentos no Vale do Silício”. O investidor vê que a Meta e outras big techs dificultaram a contratação das startups. 

Meta investe US$ 10 bilhões por ano no metaverso

De acordo com Gestner, excluindo a divisão de metaverso, o capex da Meta (US$ 30 bilhões) é maior do que Apple, Snap, Tesla, Twitter e Uber somadas.  Se botarmos o metaverso na conta, o valor sobe para quase US$ 45 bilhões — a empresa anunciou investimentos entre US$ 10 bi e US$ 15 bi na tecnologia. O problema é que o retorno pode surgir em 10 anos. Até lá, a Meta terá gasto pelo menos US$ 100 bilhões em seus projetos de metaverso — que o público nem entendeu direito para que serve. Brad Gestner defende que a empresa precisa investir entre US$ 1 bi e US$ 2 bi no projeto. Para ele, com esses valores, a Meta poderia desenvolver o metaverso sem grande alarde enquanto o foco se manteria no core business e inovações em inteligência artificial. Falando pela Altimeter Capital, Gestner acredita que IA será a principal tecnologia do futuro, capaz de trazer melhores resultados econômicos e de gerar um produto para bilhões de consumidores em todo o mundo. Além disso, o acionista destaca que a Meta possui projetos avançados em IA, como o tradutor de voz universal — pouco falado na mídia, porém menos confuso do que o metaverso.

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